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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Estudar para quê? Como a auto-ajuda pode aprovar você no Exame da OAB

O doutor Lair Ribeiro é um sucesso que escreve sobre sucesso. Já vendeu milhares de livros vendendo fórmulas de sucesso. E está prestes a cravar mais um triunfo em sua carreira literária com sua nova obra Preparando-se para Concursos Públicos e para o Exame da OAB.

O doutor Lair Ribeiro, que deu este passo na companhia da advogada Cecília Cavazzani, não enrola. Logo na primeira linha da Carta ao leitor, à guisa de introdução, ele explica que 5 milhões de brasileiros tentaram a sorte em mais de 300 concursos públicos ou em exames de ordem feitos em todo o país. Para quem vive de livros, os números são mais do que suficientes para se escrever mais um. Resta saber, para que serve um livro destes para quem precisa passar num concurso público ou no exame da OAB para ganhar a vida.

Como todo livro de auto-ajuda, especialidade em que o autor é mestre, este também não passa de um tratado sobre o senso comum escrito em formato engenhoso e criativo. Nesse livro, prometem os autores na contra-capa, “você aprenderá a buscar motivação para o estudo, a desenvolver sua autoconfiança e planejar-se para a conquista de metas e, ainda, contará com estratégias e métodos de estudo altamente eficazes”.


Os autores abusam do gerúndio (“desamarrando as pedras do pescoço”, “cuidando da auto-estima”, “chegando lá”) e dos lugares comuns (“aprenda com seus erros”; “valorize suas qualidades”, “o passado já passou”) e simulam erudição científica com a citação de autores e pensadores mais ou menos confiáveis.

O guru da vez é o psicólogo inglês Tony Buzan, criador de um tal mind map, ou mapa mental, que seria “um método de anotação, de resumo e de memorização de informações”. A partir das descobertas de Buzan fica-se sabendo que ao ler um livro “o segredo é grifar o que é importante e não o livro todo”. Ah, bom.

Outro cientista a merecer destaque é o também psicólogo Howard Gardner, da Universidade de Harvard, especialista em decifrar a inteligência humana. Segundo o livro, Gardner é responsável por identificar oito tipos de inteligência: lingüística, lógico-matemática, espacial, corporal-cinestésica, muscial, interpessoal, intrapessoal e naturalista.

E para que um concursando precisa saber disso? Para saber que a “faculdade de ser inteligente é inata, mas a inteligência é passível de desenvolvimento”. Ou em outras palavras: se você teve uma formação sofrível ao longo de sua vida escolar, não desanime, nós ainda podemos desenvolver suas faculdades mentais.

Há citações também para Tolstoi (“Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a si próprio”), T. S. Elliott (“Só quem se arrisca a ir longe demais descobre quão longe se pode ir”) ou Nietzche (“Sem música, a vida seria um erro.”), mas o autor mais citado é ele mesmo Lair Ribeiro, que merece até mesmo a transcrição da orelha de um de seus livros, em versão inglesa, com sua simples biografia.

Aí fica-se sabendo que ele viveu 17 anos nos Estados Unidos, que foi pesquisador em Harvard e que escreveu 29 livros. Livros não, best-sellers. Do mesmo livro que deu a orelha biográfica (Succes Is No Accident, ou O Sucesso Não Ocorre por Acaso), mas agora em língua vernácula, é transcrito um capítulo para ser usado como teste de velocidade de leitura.

Para saber quem é Cecília Cavazzani, a co-autora da obra, só mesmo recorrendo à orelha do livro: é advogada, aprovada em primeiro lugar em concurso para cartório de registro civil de Minas Gerais, e no Exame de Ordem da OAB-SP. Neste caso, informa-se ainda que ficou em 125º lugar entre 27.724 inscritos.

Apesar de o sucesso não acontecer por acaso, os autores preferem arriscar. Assim, eles dão uma série de dicas para que o candidato acerte o “chute” em provas de múltipla escolha. Coisas mais ou menos óbvias (elimine os absurdos”) e outras de utilidade duvidosa (“quando a resposta é em números uma boa dica é calcular a média aritmética das alternativas”) ou decididamente aleatórias (“desconfie da letra “A”). O estelionato só não se consuma, porque ao final, vem o conselho óbvio: “o melhor mesmo é estar bem, conhecer a matéria e assim não precisar de nenhum truque na hora da prova”.

Mesmo assim, o espírito pragmático do auto-ajudante não resiste. E no capítulo especialmente dedicado aos candidatos a Exame de Ordem, os autores caem na tentativa fácil da lista. E fazem os “Dez mandamentos para passar na OAB”. Fácil como andar pra frente:

1. Pense como advogado

2. Aprenda ética e disciplina

3. Estude a letra da lei

4. Leia as questões com atenção

5. Escolha a matéria com a qual tem mais afinidade

6. Leve para a prova apenas o material necessário

7. Pratique as peças profissionais e sua redação

8. Divida o tempo da prova

9. Faça um roteiro de sua peça

10. Não identifique sua prova

Lair Ribeiro, com mais esta obra de gênio confirma o veredicto: livro de auto-ajuda só ajuda a quem o escreve.

Revista Consultor Jurídico, 17 de outubro de 2007
por Maurício Cardoso

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